30/03/2011

Guatemala, eleições presidenciais e a crise mundial de alimentos


Para se ler quando se acha barato pagar R$ 3 por um café guatemalteco servido com feijão, nachos, dois ovos, queijo-crema, banana frita e tortillas:

-

A Guatemala se prepara para a disputa presidencial este ano.

Os dois principais oponentes estão praticamente definidos. Uma é Sandra Torres, candidata da Unidad Nacional de la Esperanza (UNE) que trata de se divorciar do atual presidente, Alvaro Colom, para se habilitar legalmente ao pleito – embora a oposição ainda tente evitar a manobra no Supremo. O outro é o conservador Oto Perez Molina, fundador do Partido Patriota, ex-diretor de inteligência militar do Exército e representante dos milicos nos chamados Acuerdos de Paz –, que deram fim, em 1996, a uma guerra civil de 150 mil mortos e 40 mil desaparecidos.
E embora o país venha de uma abertura ainda mais recente e dolorosa do que a nossa, há outro tema que promete ser decisivo para o resultado das eleições deste ano:

- a crise alimentar que avança na Guatemala.

Nos últimos 12 meses, aumentou em 22% o preço do milho, 25% o do feijão e em até 80% o do trigo, - a ponto de fazer a Procuradoria de Diretos Humanos da Guatemala solicitar ao governo que declare estado de risco nutricional no país. Segundo o órgão, 6.575 pessoas morreram por causas associadas à desnutrição em 2010, e a tendência é de alta com a escalada dos preços.

O cenário não é mesmo animador:

Por um lado, o país depende historicamente da importação de alimentos básicos para servir a mesa do guatemalteco, incluindo todo seu milho amarelo, 96% do arroz e 98% do trigo.

Por outro, vê perdidos 80 mil hectares de feijão e milho branco – alimentos básicos no país - devido à erupção do vulcão Pacaya e a friagens e inundações trazidas pelas tormentas tropicais Agatha, Alex e Mathew no ano passado.

E por fim submete-se à alta histórica no preço mundial dos alimentos, que ameaça jogar na pobreza milhões de pessoas -, e não só na Guatemala.

Segundo informe do FMI, seu Indice Mundial de Preços dos Alimentos  – que conjuga cotações internacionais de alimentos básicos como o trigo e o arroz - alcançou em janeiro de 2011 o máximo nivel histórico: 183,3 pontos. 

O ultimo pico - de 179,7 pontos - havia ocorrido em 2008, no auge da crise financeira mundial. À época, especuladores trataram de migrar para os mercados internacionais de produtos agrícolas: investimento mais seguro, porque baseado na economia real. Mas como são, afinal, especuladores, trataram de se articular com multinacionais que controlam o mercado de sementes e a distribuição mundial de cereais na expectativa de que os preços – e suas ações - continuariam a subir. Na prática, a lógica é tão simples quanto perversa: quanto mais altos os preços dos alimentos, maior o retorno dos investimentos financeiros, - dinheiro ganho, literalmente, com aumento da pobreza.

Agora o FMI vem dizer que há outro problema.

Os indianos e os chineses estão comendo mais.

Enfim, toda essa gente que esteve aí fora dos “benefícios” da globalização quer comer mais.

E como os guatemaltecos também dependam de indianos e chineses, não sei bem como os candidatos vão manejar este tema por aqui.

Por ora, a oposição trata de jogar a crise no colo do governo, enfatizando sua ineficiência em mitigar a vulnerabilidade do país à importação de alimentos.

Por outro, a situação enfatiza o fator conjuntural trazido pelos desastres naturais ocorridos no ano passado e culpa a escalada mundial dos preços. Além, é claro, de dizer que a oposição não tratou de fazer o mesmo que agora aconselha quando governava o país e matava pessoas.

Resta saber como o debate se dará diante do aumento da temperatura eleitoral. Basta dizer que as seis coligações que participam do pleito tiveram de firmar no Tribunal Eleitoral um pacto de não agressão, solenemente desrespeitado pouco depois. Um dos enfrentamentos ocorreu em Quiché e deixou 10 feridos e quatro carros destruídos quando um grupo da UNE e outro do PP se toparam na rua enquanto pintavam palavras de ordem.

Afinal, mais uma vez, é preciso ter em conta que a Guatemala vem de uma abertura mais recente e dolorosa do que a nossa.

Aqui morreram mais de 150 mil pessoas.

E outras 40 mil foram desaparecidas.

Um conflito civil de 26 anos que reuniu, contra os militares, o Exército Guerrilheiro dos Pobres, a Organização Revolucionária do Povo em Armas, as Forças Armadas Rebeldes e o Partido Guatemalteco do Trabalho, até que se unissem, em 1982, sob a Unidade Revolucionária Nacional Guatemalteca.

E que acabou, tal qual no Brasil, sob um acordo de anistia geral para os guerrilheiros e para os militares em seus abusos no combate aos rebeldes.

Aos guatemaltecos, desejo aqui o melhor que pode haver neste mundo: tal qual ele é e como eu gostaria que ele fosse.

---

E já que o assunto desandou para a crise alimentar, aproveito para reproduzir abaixo – e atualizado na medida do possível - um BOX que fiz, em 2008, para o saudoso JB Ecológico, ex-suplemento de meio ambiente do Jornal do Brasil.

(Des)razões da crise alimentar mundial

Modelo agrícola – Atiçado pela chamada Revolução Verde, que propagou a agricultura intensiva baseada no uso de insumos químicos e grandes monoculturas a partir da década de 60, o planeta passou a testemunhar a substituição da agricultura familiar, orientada para a auto-suficiência alimentar e os mercados locais, pela grande agro-indústria orientada para a monocultura de produtos de exportação. Assim, é cada vez maior o número de pessoas a serem alimentadas por um número cada vez menor de produtores e fornecedores de semente, o que facilita as oscilações nos preços. Esse processo afeta, sobretudo, a segurança alimentar entre os mais pobres. E embora possa parecer que a urbanização transferiu o problema da fome para as grandes cidades, é bom lembrar que a ONU estima que ainda estejam no campo três de cada quatro pessoas que vivem com menos de um dólar por dia.

Encarecimento da energia e dos derivados do petróleo – De dezembro de 2008 a janeiro de 2011, o preço do barril de petróleo escalou de 77,7 para 174,2 dólares. Este aumento influencia diretamente na alta dos preços dos alimentos, já que o petróleo é utilizado como combustível no maquinário agrícola, no transporte e na produção de fertilizantes. Para se ter uma idéia, apenas o potássio e o fósforo, derivados de petróleo usados como insumos básicos pela agroindústria, subiram em média 70%, - só em 2008 -, arrastados pelo aumento do petróleo no mercado internacional.

Transformação dos alimentos em commodities – Diante da crise, o capital financeiro passou a ser investido nos mercados internacionais de produtos agrícolas depois da desvalorização do dólar americano e da crise no setor imobiliário. Em articulação com grandes empresas que controlam o mercado de sementes e a distribuição mundial de cereais, o capital financeiro investe no mercado de futuros na expectativa de que os preços continuarão a subir. Na prática, a lógica é tão simples quanto perversa: quanto mais altos os preços dos alimentos, maior o retorno dos investimentos financeiros.

Unificação do cardápio – Nas últimas décadas, boa parte da população global deixou de consumir alimentos produzidos localmente para comer produtos industrializados. Um dos efeitos desta mudança é a redução da biodiversidade agrícola, já que a maior parte do planeta passou a comer derivados de commodities como a soja, o milho, o trigo e o arroz. A FAO estima que 75% da variedade de plantas usadas na agricultura foram deixadas de lado ao longo do último século. O resultado desta redução, segundo a entidade, é que apenas 12 variedades de alimento e 14 espécies animais garantem a maior parte do abastecimento mundial. Isto faz com que qualquer oscilação nos preços destes produtos chegue rapidamente ao bolso de consumidores em todo o planeta.


Aquecimento da demanda – Nos próximos 50 anos, a população mundial deve chegar a 9 bilhões de pessoas. E não fosse só isso, as recentes taxas de crescimento econômico conquistadas por países em desenvolvimento, especialmente China e Índia, já tratam de ampliar desde já o mercado consumidor de alimentos de um modo geral. Como o século XXI promete ser o dos países emergentes, tem-se aí uma idéia dos desafios porvir.

Desertificação e aquecimento global – Segundo a Universidade das Nações Unidas (UNU), a degradação da terra e a desertificação já afetam 33% da superfície terrestre e 2,6 bilhões de pessoas. Apenas na América Latina, mais de 516 milhões de hectares são afetados pela desertificação, resultando na perda anual de 24 bilhões de toneladas da camada arável do solo. Globalmente, a área afetada pela seca aumentou mais de 50% durante o século XX, problema que tende a se agravar com o aquecimento global. As regiões mais secas do planeta, segundo projeções do IPCC, tendem a ficar mais vulneráveis a chuvas torrenciais e concentradas em curto espaço de tempo, ao passo que tende a haver maior freqüência de dias secos e de ondas de calor decorrentes do aumento na freqüência de veranicos, o que aumenta os riscos de perdas de safra.

Subsídios agrícolas - Os subsídios dos países ricos à agricultura também estão em questão. A assistência que a União Européia dá aos agricultores de países membros barateia seus custos, mas inibe a produção nos países em desenvolvimento. Apenas no contexto da chamada Política Agrícola Comum (PAC), a União Européia injeta US$ 50 bilhões por ano para seus agricultores. Nos EUA e outros países industrializados, os subsídios chegam a US$ 1 bilhão por dia.

Biocombustíveis - Os biocombustíveis foram um dos primeiros acusados pelo aumento do preço dos alimentos, em 2008. A alegação é que terras previamente utilizadas para a agricultura estariam sendo destinadas à produção dos combustíveis alternativos. Após uma primeira generalização, creditou-se ao combustível baseado no milho alguma responsabilidade pela escalada dos preços e diminuiu a carga de críticas à cana-de-açúcar. De todo modo, o debate sobre o impacto dos biocombustíveis sobre o preço dos alimentos deve continuar se considerada a escala necessária para abastecer todo um mercado global. No Brasil, apenas 1% das terras aráveis é utilizado para a cana destinada ao etanol, área que deve ser multiplicada caso emplaque o uso global de biocombustíveis.

Água e carne – Precisamos contabilizar também a água incorporada no processo agropecuário. Cada quilo de carne bovina, por exemplo, exige em média 40 mil litros de água para ser produzido, segundo a UNESCO. Neste cálculo entram não só a água consumida diretamente pelo animal, mas também a utilizada na produção da alimentação do gado, no tratamento e no abate. E aí entra um novo nó alimentar: à medida que os pobres sobem para a classe de consumo, deixam de comer apenas alimentos como milho e trigo para comer também carne e laticínios. E quando comemos carne, consumimos pelo menos três coisas: a carne, a planta que serve de alimento ao gado e a água necessária para fazer florescer a planta.

Só para ilustrar o dilema: embora a irrigação só atinja 3,1 milhões de hectares no Brasil, o potencial irrigável no país é estimado em 29,5 milhões de hectares. Mesmo assim, o setor já usa 70% de toda água consumida no Brasil, também segundo estimativas do Plano Nacional de Recursos Hídricos. 

29/03/2011

Giro no Lago Atitlan


Quer dar um giro de 30 segundos por este lago guatemalteco de 128 km quadrados, guardado por três vulcões a coisa de 1.500 metros de altitude?

Então olha: 

27/03/2011

Um recanto em San Pedro



Olha, realmente sei como pode ser chato quando alguém fica te falando o que fazer.


Mas te proponho mesmo que um dia faça exatamente isso que eu vou te dizer, caso venha a San Pedro la Laguna, na Guatemala.



Dobre a primeira à esquerda saindo do embarcadeiro para Panachajel, e siga a rua até que ela termine.

Caminhe mais 30 metros pela trilha até a placa onde se lê “Proibido – Privado”.



E como a placa já diga que o privado está proibido – e os “pedranos” também o achem -, siga adelante outros 30 metros de trilha até a árvore cuja raiz se entrelaça na rocha.


Desça as pedras como degraus, escolha aquela que mais lhe convier.



E saque o livro e a mandarina, porque pode acontecer de você querer passar um bom tempo aqui entre mergulhos e boiadas.



Olha aqui a poetinha Nanda Barreto botando o plano em ação:



Em tempo: você também pode chegar até aqui de caiaque. O aluguel sai por 10 quetzales a hora: ou R$ 2.20.

25/03/2011

Guatemala - San Pedro la Laguna a R$ 20 por dia


San Pedro à frente do Nariz Del Indio: lago Atitlan


San Pedro la Laguna é um dos 12 pueblos que pontuam o Atitlan, gigantesco lago guardado por três vulcões no coração dos altiplanos guatemaltecos.

E daqui se está dentro de um dos lugares mais lindos e baratos que já conheci.

Abaixo algumas dicas - entre as tantas possíveis - para atravessar o dia por até R$ 20 em San Pedro, incluindo hospedagem, alimentação, café e birita. 

Hospedagem


Não levou muito para topar com estas casinhas enjardinadas na saída do embarcadeiro de San Pedro para Panachajel.

Aqui você leva um quarto só pra você, literalmente às margens do Lago Atitlan, pela bagatela de 30 quetzales: ou algo como R$ 6,50. Cada um tem tomada, cama de casal, mesa e cadeira. O banheiro é coletivo, com chuveiro quente, e as varandas pontuadas de redes boas pra se ler à vontade. E foi precisamente isso que me ganhou na Hospedaje Emanuel: a oportunidade de ler e estar sob a sombra daquele querido limoeiro, quase que a salvo do barulho da rua.

Para chegar lá, vire a primeira à esquerda a partir do embarcadeiro de San Pedro para Pana (é justo onde você deve chegar, caso venha de barco). Daí são mais uns 200 metros até a cerca de bambu amarelo à frente do Hotel Gran Sueno. Se for o seu caso, a pousada também tem uma cozinha coletiva improvisada.


Os fundos da pousada: saca ali atrás o Nariz Del Indio de novo



























Alimentação e birita

O Lole’s Place, a coisa de 30 metros da pousada, oferece oito tipos de café da manhã a 15 quetzales: ou R$ 3,20. Pra mim, o campeão é o típico guatemalteco, servido com feijão, ovos, queijo, creme, banana frita e tortillas. Outra boa pedida é o café dietético, que traz salada de frutas, yogurt e granola.



Já para o almoço, uma é o arroz com verduras do Nick’s Place, na boca do embarcadeiro. Por 15 quetzales (R$ 3,20), o prato servidão também leva pão, nachos e guacamole -, além de wifi e uma vista maneiríssima do Atitlan.

Se você quiser incluir um pedaço de frango no prato pelo mesmo preço, tente o Pollo Campaneiro. Justo no quarteirão do mercado de San Pedro, este comedor tem o único PF com carne por este valor, e ainda acompanha um refresco. Não tem a vista, mas a coisa toda é preparada por um italiano muito gente boa que veio de mala e cuia pra cá após se apaixonar pelo Atitlan.

E já que você está na boca do Mercado, que tal duas mangas, três mexericas e um cacho de banana por outros 15 quetzales?

Agora, se você for do tipo que gosta de acessar a internet tomando café, não deixe mesmo de ir ao Café Cristalinas – no sopé do morro que liga o embarcadeiro à Igreja de San Pedro. A galera torra os grãos lá mesmo, e é tão boa onda que nem sei o que dizer. O expresso ou o café negro saem por 6 quetzales, ou R$ 1,50.

Por fim, não deixe de experimentar o pão de canela e o bolo de banana, vendidos nas ruas por guatemaltecas em seus guipiles multicoloridos. A dobradinha sai por 15 quetzales, - e pode te salvar daquela fome que aparece, assim de repente, na boca da noite. 

Em tempo, um litro de cerveja Gallo, em qualquer birosca, sai entre 25 e 30 quetzales: ou algo como R$ 5.

San Pedro de novo, agora vista de cima do Nariz

21/03/2011

Sobre não fazer nada

Me perdoe a obviedade.

Mas não fazer nada está longe de ser não fazer nada, como muita gente aí quer que a gente pense.

Pra mim é sintomático que o ato de fruir o tempo ganhe pra nós este rótulo, sobretudo quando nisso pode estar o seu contrário: ou não é antes tudo aquilo a que me dedico sem que haja o cabresto que a aponta a obrigação?

Digo isso porque daqui, desta segunda à tarde em banco de praça, inda tento me desvencilhar destes carimbos que o sistemão cria pra que a gente se sinta constrangido quando bota a cabeça pra fora.

Claro que não quero aqui fazer uma apologia da preguiça, ou menosprezar o trabalho em si mesmo. Sobretudo porque não acredito em realização pessoal possível fora do trabalho: lugar imprescindível para estar e atuar no mundo.

A única coisa que quero gritar, esbravejar, brigar até, é essa e somente essa:

Não fazer nada está longe de ser não fazer nada.

E sabe por que tentam convencer a gente do contrário?

Porque "não fazer nada" é subversivo.

E dependendo da perspectiva de quem vê, pode ser o mais perto de tudo que a gente chega: inclusive do que a gente realmente pode querer fazer.

16/03/2011

Eu e meus 65.534

Imagine que seja plausível o seguinte:

Você ter um par de filhos.

E que cada um deles tenha mais dois filhos em outros 33 anos, e assim sucessivamente.

Se você acha isso plausível, é porque aceita a probabilidade de tornar a vida possível para 65.534 pessoas pelos próximos 500 anos: 14 ao fim do primeiro século, outros 112 no seguinte e mais 896 ao fim do terceiro, desdobrando-se em progressão geométrica para 7.168 e então mais 57.344 dois séculos depois.

Agora imagine que seja plausível o seguinte:

Se em 1238 sua tatravó não tivesse encontrado seu Bisa contra a ordem da mãe nos fundos de casa, se em 872 um tatravô criança não voltasse da gripe que bateu de repente, numa noite de chuva, se não fosse a tragédia de outrem que matou um amor para que outro nascesse; se um pai não deixasse, se ela não aceitasse o convite -, mesmo contrariada -, para tomar um café. Se um ou outro fizesse isto e não aquilo, assim como você quando decide a sua vida na margem da dúvida.

Se isso ou algo assim acontecesse, você não estaria aqui.

E você não se lembra deles.

E os que passarão de você também não se lembrarão de você.

Quem aí sabe de sua trisavó, ou pelo menos algo além de uma frase ou duas? Foi cigana. Veio num barco da Itália, mas não sei o nome dela. Parece que era meio louca.

E ainda assim você só pode viver por consequência dela, - e por consequência do que ela e não só ela viveu.

Hoje somos seis bilhões de seres humanos.

Daqui a cem anos quase todos que estamos vivos estaremos mortos, e haverá outras nove bilhões de pessoas.

Logo depois não terão memória alguma de quem fomos nós, do que efetivamente sentimos e sofremos, ou do que você gostaria de dizer na cara deles se tivesse a chance.

Serão homens e mulheres corretos e canalhas, libertários e hipócritas, amigos e traidores, fortes e fracos: 65.534 que só passarão por este mundo porque em algum dia houve você e o seu caminho.

A vida não parece implausível?

13/03/2011

O Nariz Del Indio


Me permitam começar o Lago Atitlan pelo Nariz Del Índio.

Daqui se tem uma das melhores vistas deste gigante guatemalteco de 128 km quadrados, cercado por vulcões como o Atitlán (3 537 metros de altitude), o Tolimán (3.158 m) e o San Pedro (3.020 m).

É Nicolas quem espera no topo, para cobrar a taxa de 30 quetzales (R$ 6,50) e me explicar qual é cada entre os 12 pueblos que margeiam o lago. O que estou é San Pedro, num bangalô à beira d`água que também dá pra se avistar daqui.

Se algum dia enfrentar a subida, pode escolher barateá-la sem os guias que cobram coisa como 150 quetzales pelo passeio, ou R$ 32,50. Pode parecer pouco, mas saiba que isso equivale a cinco diárias da hospedagem onde estou ficando, ou dez PFs com arroz, carne, salada e refresco.

Faça o seguinte: pegue um chicken bus por 5 quetzales, no centro de San Pedro, e atravesse outros três pueblos montanha acima até Santa Clara. Descendo lá pergunte pelo cemitério, e de lá se informe com o primeiro morador a respeito da trilha que sobe para o Nariz. É coisa de uma hora e meia de caminhada, dura e inesquecível, atravessando plantações e pequenas roças de um povoado eminentemente rural.

E olha o regalo quando se chega lá em cima:

San Pedro é esta à esquerda. À direita, San Juan.
Esta pequenina é San Pablo: a ˜São Paulo" guatemalteca.
Juan deixando o topo nos trinques: taxa de 30 quetzales
O pé de Fernando, companheiro de Virginia: novos amigos de Espanha
O caminhadão é de lá pra cá.  E lá é Santa Clara. 



11/03/2011

Vuelo


O primeiro vídeo que editei na vida.
*
Nariz Del Indio.
Lago Atitlan.
Guatemala.




06/03/2011

Antigua a R$ 35 por dia


Inclua hospedagem com chuveiro quente e internet num quarto coletivo e honesto, a menos de três quarteirões do epi-centro histórico da cidade.

Café da manhã com panquecas e fruta ou ovos mexidos com tutu de feijão e banana frita.

Almoço com refresco, arroz, feijão, salada e carne – ou opção vegetariana que pode incluir milho, chuchu e babata cozidos.

Um expresso ou um café americano.

Lanche com sanduíche de queijo, azeite e tomate.

Garrafa pequena de vinho Gato Negro, tinto.

Um chocolate.

Pois em Antigua, cidade colonial guatemalteca fundada em 1516, tudo isso pode sair por até R$ 35 por dia.

Este é – entre tantos – um dos caminhos possíveis:

Hospedagem com café da manhã, banho quente e wi-fi
  
Passei a maior parte dos dias em um dos quartos coletivos do Hostel 5, composto de três beliches e banho privado.

 A três quarteirões da Plaza Mayor – coração da cidade -, este pequenino hostel com terraço me ganhou pela proximidade do centro, pelo café da manhã incluído e pela simpatia da galera. A diária – que também inclui internet sem fio - sai por 72 quetzales, ou algo como R$ 16. (hostel.five@gmail.com)




O almoço

Há opções de restaurantes para todos os bolsos em Antigua.

Se quiser economizar, procure os comedores que oferecem o combinado PF e refresco. Há vários que fazem a dobradinha por 25 quetzales, ou algo como R$ 5,70 – mais barato que qualquer promoção de Mac Donalds e similares por aqui.

Abaixo três boas opções nesta categoria, todas situadas num raio de três quarteirões da Plaza Mayor de Antigua:

Típico Antigueno (na boca do Mercado de Artesanias, a um quarteirão do Correio) oferece oito opções de PF com refresco, arroz, salada e carne – ou opção vegetariana que pode incluir milho, chuchu e babata cozidos. Todos os pratos incluem uma boa sopa de legumes como entrada.


Já o Tacontento (na rua Del Arco, a um quarteirão da Plaza Mayor) oferece, pelos mesmos R$ 5,70, seis pratos tipicamente mexicanos com arroz, feijão e uma carne. Há versão vegetariana dos tacos, recheados com queijo, guacamole e tutu de feijão. Todos as opções incluem tortillas de milho e uma tábua com vinagrete, cebola e mais quatro tipos de molho.


Agora, se você quiser mesmo uma massa, dê um pulo no Piccadilly. Aqui a lasanha ou o espaquete, muito bem servidos com pão e refrigerante incluídos, saem por um pouco mais: R$ 8.

Por fim, não deixe de ir ao Sabe Rico para comer uma salada servidaça no pátio arborizado desta ruína histórica. Aqui você pode tirar onda por algo como R$ 20 – fora bebidas.

Pão e vinho

No La Bodegona (também a três quarteirões da Plaza Mayor), você paga R$ 8 por dois litros de água, uma baguette de pão de sal, três tomates, cem gramas de mussarela e quatro maçãs. 

A garrafa pequena de vinho Gato Negro, tinto, sai por abusivos R$ 3,50. 

E o chocolate a R$ 1,50.

Saca umas fotos do lugar e diz se não vale o esforço. 

Plaza Mayor de Antigua