No primeiro post deste blog, escrevi sobre o propósito de aproveitar a mochila para me observar em outro estado de espírito; e sobre tentar estar atento às coisas boas e ruins para que me ajudassem a clarear limitações antigas e novas, fornecendo pistas para enfrentá-las aqui e na volta.
Após três meses de centroamerica, posso dizer que só agora compreendo as verdadeiras implicações desta travessia.
Trata-se, é claro, de uma perspectiva absolutamente pessoal.
A vida é uma experiência pessoal e intransferível, que queima dentro de cada ser humano a 80 batimentos por minuto.
E se acaso me imagino poeira diante de quatrilhões de sóis e constelações, acredito também que o universo é simultaneamente apenas o que eu – e só eu – imagino que ele seja.
Nunca entrei na cabeça de outra pessoa para sentir como ela pensa.
Cada um tem sua história, só a gente sabe mesmo o que passou para chegar até aqui.
E daí passa que a vida, maravilhosamente, não pode realizar-se senão pela ação coletiva.
Tudo o que ouve quer falar, tudo o que toca é feito para ser tocado. Nada e ninguém pode existir sem que pressuponha um outro.
E esse outro provavelmente trava a mesma luta.
Circunscrito neste intervalo entre o nascimento e a morte, tem também a capacidade de pensar e querer.
Situado nesta colisão entre o não-mais do passado e o ainda-não do futuro, tem medo e esperança.
Também é simultaneamente generoso e infame, forte e fraco, uno e contraditório.
E faz e decide na margem da dúvida.
A vida é muito curta.
Pode-se escolher abrir o baú, no caminho do autoconhecimento, ou refugiar-se naquilo que a gente mostra e torce para que o outro veja, - ou não veja.
O medo está aí cheio de trincheiras prontas a disparar se alguém ameaça revelá-las, e pode ser que algum tiro atinja quem a gente mais ama.
Saber-se por completo é impossível.
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