10/02/2011

Le soleil de Gorée


Por quase três séculos traficantes de gravata buscaram rum, tabaco e armas na Europa para trocar por escravos na África e depois vendê-los com lucros nas Américas, de onde partiam com matérias-primas e minérios de volta ao continente europeu. Desta bandalha resultaram pelo menos 35 mil viagens, trazendo à bordo 12,5 milhões de homens e mulheres.

Algumas delas, ainda crianças, partiram desta cela aí embaixo: 



Aqui, na ilha de Gorée, ponto de embarque de mais de um milhão de escravos para as Américas.

Aqui, na Maison D’Esclavage, um entre tantos pontos de venda de escravos da ilha.

Aqui, nesta cela, as crianças eram jogadas depois de apartadas dos pais.

Numeradas e separadas por faixas de preço, embarcavam para uma travessia de um a três meses onde a chance maior era morrer.

Aqui outros patifes tratavam de garantir a eficiência do negócio, começando por tentar exterminar qualquer tipo de humanidade e raiz cultural que suscitasse hipóteses de resistência.

Dos troncos à proibição de cultos, dos jesuísmos à separação deliberada de gentes de mesma língua e etnia, valia tudo para evitar por aqui a reconstituição dos legados culturais africanos.

Inclusive depois da abolição, - e até hoje – tentaram de tudo para que não tomassem consciência da importância que têm e tiveram para erguer o Brasil.

Pois estes povos, contra todas as chances, responderam com uma das mais ativas e aguerridas resistências culturais já registradas pelo gênero humano.

E continuam resistindo, para o desgosto de certos patifes.
*
Num é, Gil? 
 

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